30 de dezembro de 2010

BOA VIZINHANÇA PRAIANA



"Todo ano, vamos em busca do mar, da praia, do famoso veraneio. E não podemos nos importar com a cor da água ou com sua temperatura. Vamos à praia porque precisamos descansar com nossas famílias e amigos, em um ambiente fora da nossa rotina.
Somos andarilhos na areia. Vamos do Plataforma de Atlântida ao Baronda, caminhando pelo calçadão. Deixando para trás conchas e mariscos, que são cada vez mais raros, encontramos corujas e quero-queros. A natureza se faz presente ali e é exigente.
Caminhando no calçadão de Capão com minha filha, vi Zoio e Zoia e pensei que o perfil dos "mais famosos" seria dessas corujas. Moram em frente ao mar, com segurança, são nativos dos cômoros de Capão da Canoa. O que mais gostam é a família reunida e o que menos gostam é Réveillon com foguetório, ou seja, barulho. O sonho de consumo seria virar estátua, o que muito famoso cobiçaria...
As corujas ganharão estátua e, com elas, poderão ser homenageados todos os animais que rondam a areia. Mesmo aquele mais arisco, que não se aproxima da gente. Falo do tuco-tuco, um roedor que parece também não gostar de barulho. Mas faz parte da paisagem o ano inteiro, escavando e vindo espiar a gente.
Acho que ele quer mesmo é a paz de um inverno em que não sentirá o cheiro do churrasquinho ou do milho à beira-mar. Ele é meio Quintana: não deve gostar de homenagens e nem viria na inauguração da estátua. Se colocarem uma placa por lá, é capaz de não fazer mais buraco naquele lugar. Deve procurar outra duna."

(Texto enviado por Marisa Freitas Oliveira, moradora de Porto Alegre e veranista de Atlântida)
Publicado em ZH de 26/02/2010 no caderno + Capão da Canoa.


Segue o blog. O Baronda foi durante muitos anos um ponto de referência para os veranistas de Capão da Canoa no Litoral Norte. Ele foi demolido dia 15/12.

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