22 de agosto de 2010

NA PRATELEIRA

Algo que encanta é uma prateleira de livros, uma estante organizada, no seu mais diversificado colorido, atraindo olhares e a mão que busca a sabedoria. Livros podem até decorar, empilhados em mesas, em cantos de salas, com objetos por cima, no mais escultural adorno.
Um dia num hotel me encantei com sua disposição. Estavam acomodados em um armário antigo, ao lado de um computador. Enquanto esperava para usar a internet, comecei a folhear alguns. O armário ficava com as portas abertas, como um objeto de decoração, uma cristaleira transparente, recheado de livros. Até esqueci da minha vez porque o lugar convidava a me demorar por ali.
Isso me fez lembrar dos ensinamentos de uma professora de violão, que tentava sem cansar ensinar seus alunos. Uns mais chegados à música, aprendiam logo, outros remavam com dificuldade. Depois de um tempo, ela deu uma dica. O violão usado nas aulas ficava guardado, fechado numa capa, com um fecho. Ela sugeriu deixá-lo na sala, por onde todos passam, acomodado pelo sofá, mas sem a grossa capa. Todo mundo que andava por lá, dava uma parada e dedilhava o objeto, muitas vezes esquecendo um pouco outros compromissos. E aquele aluno atrapalhado, progrediu.
Assim são tantas coisas em nossas vidas. Disfarçadas, encapadas, impossíves de tocar, são difíceis de chegar até nós e encontrarmos o seu valor devidamente reconhecido.

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