18 de agosto de 2010

NA BIBLIOTECA


Aconteceu quando estava desempregada, alguns anos atrás. Abri o jornal logo cedo e havia um pedido de voluntários para a Biblioteca Pública do Estado. Logo me inscrevi e depois de uma semana fui chamada. No dia seguinte lá estava eu em um de meus habitats preferidos, no meio dos livros. O ambiente antigo, com aquela bela escada, me levou ao coordenador. Eu poderia escolher o turno e quantas horas iria trabalhar. Escolha livre, fiquei trabalhando à tarde e fui colocada no espaço multimídia.
Nesse setor, as pessoas se cadastravam e poderiam utilizar os computadores por um tempo. Uma lan house gratuita. Aparecia gente de todas as idades, principalmente jovens pesquisando para a escola. Eu ajudava dois estagiários, pessoal de faculdade. Nesse mesmo local eram disponibilizados vídeos de documentários, também utilizado para pesquisa. Ali fiquei por um bom tempo, fiz amigos, ajudei bastante o pessoal.
Um dia, uma funcionária fez aniversário e na saída apareceu seu filho. O garoto olhou para mim e questionou:
- Disseram que você trabalha aqui e não ganha nada...
O menino ficou parado na minha frente, com cara de interrogação, esperando minha resposta.
Comecei a lembrar dos momentos que passei ali. Quando subia aquela escada enorme para ir ao toilete, admirava o pé direito daquele lugar. Aproveitava para espiar o setor de cima, que era só literatura do Rio Grande do Sul. À tarde, pelas mesas antigas, pessoas liam não só livros, mas jornais e revistas. Eu ajudava o setor do lado também , quando tinha alguém que não conseguia achar um livro. Tinha um elevador antigo... tanta coisa que poderia ter acontecido ali, em outros tempos, no centro da cidade de Porto Alegre. A biblioteca, parecia tão antiga, mas trazia muita coisa nova para mim.
O menino continuava a me olhar, mas a sua mãe o puxou pela mão. Enquanto ele se afastava eu pensava no salário do qual ele me questionou. Uns dias depois me chamaram num emprego, me despedi daquele lugar já deixando saudades.
A resposta ao garoto veio de relance. Estive ali todo tempo fazendo o que gosto. Isso não tem preço.

Um comentário:

  1. Adorei!
    Coisa boa escrever! Um dia te mando alguma coisa !
    Bjs e parabéns!
    Carmen(inha)

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