8 de fevereiro de 2011

VERÃO DE A a Z / CONTO

Todos dias ela fazia tudo igual, no mesmo horário, depois da novela. Das oito, que não é precisamente as oito horas. Ela descia com sua labradora preta. E passeava o cachorrinho, no caso, a cachorrona, com sua super língua para fora. Dá medo, mas são dóceis, os donos sempre avisam a gente. Elas andavam pelas ruas de Atlântida, então desertas. Onde estariam os veranistas numa segunda-feira? Acho que estão em Porto Alegre, lá o ar condicionado é bem melhor. E a tal cadela me olhava com seus olhinhos e fazia coisas que a natureza ou sua dona se encarregava de separar. E o passeio continuava, parando e andando várias vezes à sombra da lua.
A dona me relata que a praia é essencial para ela. A ordem é sair fora da rotina. Comentei que muitos usam o mar como terapia, caminhando e falando mal da sogra e dos vizinhos, e é de graça. Outros o procuram para fitá-lo, em silêncio, trazendo uma paz como a hora da verdade, que pode até trazer uma certa ansiedade. Mas, outros, mais inteligentes, o usam para relaxar, caminhar depositando pensamentos naquele vai e vem infinito. Mar é mar. Se fosse rio, não teria muita graça. O importante é o ir e vir daquela onda, o vento, as correntes o mudando a cada momento. O mar é interessante porque não é sempre o mesmo, é cada dia criativo. E ela concordava comigo e ia levando o cão pela rua. Pelo tamanho, ele que a levava.
Um dia me assustei. Na silhueta da noite, no meio do jardim, a vi se aproximando. Vinha com algo no colo. Pronto, pensei, um filhote. Outro cachorro. Pobre cadela, vai ficar enciumada. Que nada. Quando ela chegou perto e a lua a iluminou, enxerguei um laptop!
- Estou sem sinal em casa. Preciso ver meus e-mails, vou jantar no restaurante bem aqui perto da Plataforma e lá sei que vou conseguir me conectar.
Enquanto ela se afastava, eu pensava... Novo hábito: levar o note para passear...é só pegar o telefone do cachorrinho, digo, a senha do tal bichinho...


Segue o blog. The end.

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