16 de janeiro de 2015

VERÃO DE A a Z / BIQUINI

 


 PEQUENO CONTO DO BIQUINI BRANCO


Ela decide que usaria o biquini branco. Totalmente branco. Há alguns tempo insistiu com o namorado, que relutou em presenteá-la, mas acabou considerando. Naquele dia ele estava arrependido, alegou estar fora de moda. Agora biquini é por partes. O branco costuma ocupar o frente-mar, tomara que caia. Com a outra parte fazem combinações com listras, floreados ou "petit poá", estampa de bolinhas grandes ou pequenas. E assim, ela desafia os grandes mares. O namorado ciumento acha que a causa estava ganha.
Mas ela não desiste. Caminha firme pela areia e entre as poucas conchas foi até o mar. Molhou os pés, foi o máximo que conseguiu. Refletiu à beira-mar, gosta muito de fazer isso. Refresca o pensamento e volta à areia. Estende uma canga laranja, da cor da moda. Passa mais protetor, acomodando-se com um livro. Dá uma espiada nos e-mails, nada de novo no whatsapp e no front. Enquanto seus dedos regem a telinha, tenta pensar positivamente. Por um lado, não estaria totalmente fora de moda. Ela sente-se retrô, de biquini branco. E isso está na moda. Agrada aos outros, mas não a ela, que prefere sentir-se confortável. O melhor é curtir a praia, sem maiores regras ou preocupações. 
Naquela tarde não houve banho de mar, como em outros verões. No pequeno pocket, o poeta encantava-se com outro mar, um tanto bravo:

"Mar que ouvi sempre cantar murmúrios
Na doce queixa das elegias,
Como se fosses, nas tardes frias
De tons purpúreos,
A voz das minhas melancolias."







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